Eu adoro trabalhar para o Caderno Aliás, do Estadão.

Em geral, no Caderno Aliás temos mais tempo para criar, pensar, explorar as possibilidades.

O caderno é como uma revista. Sai na edição de domingo do jornal e trata dos assuntos da semana com uma abordagem diferenciada, diversa da forma que o jornalismo diário faz.

Pena que nem sempre o caderno olha para a Bahia.

A última vez que trabalhei para o Aliás, foi em 25 de julho, na matéria de sobre Manuel José Fernandes de Sacadura Bretes – português que durante quatro meses viveu diversas aventuras e desventuras no Brasil, até ser deportado, conforme post neste blog:
http://dotempoedaidade.blogspot.com/search/label/Estad%C3%A3o


No dia seguinte à matéria do portugués, fiz outra matéria para o Estadão. Desta vez para o Caderno Nacional. A jornalista, porém, foi a mesma do Aliás: Mônica Manir. A matéria só foi publicada no dia 16 de agosto.

Foi uma matéria sobre a mais longeva candidata da última eleição: Deodata Pereira Borges, a Mamãe, candidata a vereadora em Feira de Santana.

25 de julho de 2008 – Acordei cedo, fui buscar a jornalista Mônica Manir no hotel e partimos para Feira de Santana.

Chegamos na casa de D. Deodata em torno de 10 horas da manhã. Seu filho, João Borges, também candidato a vereador, já nos esperava.

Ainda do lado de fora da casa, ele começou a nos contar a fabulosa história de “Mamãe”, esta senhora, que a despeito da sua idade (104 anos), ainda teria todas as habilidades necessárias para ser uma representante do povo na câmara municipal.

Na medida em que entrávamos na casa, ele nos contava que ela lia o jornal diariamente... ao que nos deparamos com a própria Deodata folheando o jornal local do dia. Um detalhe, porém, chamou a atenção da jornalista. O jornal, para constrangimento geral, encontrava-se de cabeça para baixo...

Se alguém se interessar por ver/ler a matéria de Mônica Manir é só buscar no Estadão Digital: http://digital.estadao.com.br/home.aspx

É só fazer uma busca com o nome de Deodata que encontrarão a matéria, do jeito que saiu no jornal, com foto e tudo mais. (Na hora de fazer a busca, lembrar de marcar que a busca é no acervo, e não apenas “nesta edição”).

Entre os dias 9 e 12 de setembro, fotografei um evento de marketing chamado de “Strategy Execution Summit – Making Strategy Happen”.

A figura central do evento foi David P. Norton, um dos criadores – junto com Robert S. Kaplan (que esteve presente ao evento através de um vídeo previamente gravado) – dos principais conceitos discutidos no evento: “The Balanced Scorecard” e “The Execution Premium”.

Norton lançou o seu novo livro, entregou prêmios, deu autógrafos e apresentou a palestra principal do evento. Ainda assim, não se livrou de piadinhas óbvias sobre o nome do antivírus.

A despeito do pomposo nome do evento, em língua estrangeira, e dos palestrantes internacionais, para mim, sem nenhum bairrismo, os pontos altos foram as participações nordestinas: do pernambucano Silvio Meira & do paraibano/pernambucano Ariano Suassuna.


Silvio Meira começou sua apresentação alfinetando o palestrante que o antecedeu no púlpito – o americano, Carl Dahlman, que fez sua palestra em inglês.

Meira comentou que Dahlman era casado com uma brasileira havia 20 anos e falava muito bem português. Falava em inglês porque acreditava que deste modo o público o levaria mais a sério.

Na verdade, pensando melhor, Silvio estava alfinetando o público e não o colega de palco.
Silvio Meira – fazendo uso de um aparato tecnológico de touch screan & data show e de grande senso de humor – apresentou o projeto do Porto Digital, iniciado na capital pernambucana em 2000. O Porto Digital, fundado por ele, fez surgir em Recife um grande núcleo de desenvolvimento na área de tecnologia da informação.
A foi a melhor apresentação de todo o evento.

A inteligência, humor, limpidez de raciocínio, clareza de expressão, coesão discursiva, solidez do conteúdo de Silvio – tudo isso tão raro no mundo acadêmico e dos estudiosos/consultores de marketing – provocaram impacto imediato no público. Todos aprenderam e se divertiram com a sua apresentação. Fiquei com vontade de ir a Recife no dia seguinte e conhecer o projeto pessoalmente.

Silvio, aliás, também, é blogueiro:
http://smeira.blog.terra.com.br/

Falar de inteligência nos traz ao outro ponto alto do evento: Ariano Suassuna.

Uma inteligência aguda, contundente + um grande senso de humor.

Salvo raríssimas exceções, humor e inteligência nunca se separam.


Para falar de “Raízes Populares da Cultura Brasileira” Suassuna inicia ressaltando o seu amor pela nossa língua e desinteresse pelo inglês. Brinca com o nome do evento, pronunciando-o de forma abrasileirada. Para ele, temos dificuldade em valorizar o que é nosso. Não fora por isso, vários dos nossos artistas, de diversas formas de arte, seriam muito mais valorizados aqui e fora.
Suassuna, então, destaca o valor da cultura popular brasileira citando vários artistas.

Confrontando o paradoxo sobre a qualidade da produção cultural popular brasileira e a preferência de grande parcela da população por pagode, calypso, axé, entre outros, ele afirma que isso é um erro de interpretação. Acha que na verdade as pessoas ouvem pagode e afins por falta de opção – não de produção, mas de acesso.Para demonstrar a sua tese ele pergunta à platéia se acham que cachorro gosta de osso. A resposta vem óbvia, claro que sim, cachorro adora osso! Ao que ele replica: coloque um grande osso e um pedaço de carne e veja o que o cachorro escolhe. O cachorro só roi osso por falta de algo melhor; as pessoas escutam música de baixa qualidade por falta de acesso a coisa melhor.

***

Um dos vencedores do prêmio entregues no evento, Álvaro Dal Bo, foi entrevistado pelo jornal Gazeta Mercantil, fiz a foto – minha primeira para este jornal.


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O trabalho fica melhor quando trabalhamos com amigos. Também trabalharam no evento o meu grande amigo Cavalcanti (sempre cheio de caras e bocas) e as queridas Cris (esquerda) e Jú. Faltou, na foto, a bela Mari, uma das minhas modelos preferidas (vide http://www.flickr.com/photos/leoazevedo/2714251137/).


Adoro chorinho.

Mas, nem sempre foi assim.

Por mais difícil que seja de imaginar, nem sempre gostei.

Hoje, quando penso em Chorinho, inevitavelmente, penso em meu pai e numa fase da minha vida em particular.

***

Estudava no Colégio Antônio Vieira, no turno matutino. As aulas iniciavam às 7h20 – o que para mim, um notívago de nascença, era uma tortura.

Duas vezes por semana, porém, a coisa piorava: tínhamos aula de Educação Física, que começava – pasmem! – às 6h30 da madrugada. (Isso só podia ser idéia de algum maluco padre alemão ou austríaco).

A sofrida tarefa de nos levar (a mim e ao meu irmão) para a escola mais cedo, nestes dias, cabia a meu pai – ele, também, de irremediável natureza vespertina (acho que é coisa dos Azevedo).

Morávamos longe do colégio. Saíamos de casa, portanto, pelo menos uns 30 minutos antes do horário da aula.

Nesta viagem, porém, meu pai experimentava algum prazer e mesmo vantagem em ter acordado cedo: ouvia ao seu programa favorito da Rádio Educadora FM, chamado “Chorinhos e Chorões” – programação de todos os dias da emissora no horário das 6h00 às 7h00 (horário em que ele de jeito nenhum estaria acordado não fora as famigeradas aulas de Educação Física). Nem sei se o programa ainda existe...

No princípio, eu e meu irmão achávamos aquela música chatississíssima, mas admirávamos, sonolentos, ao deleite auditivo de nosso pai.

Não sei exatamente em que momento a coisa começou a mudar, o fato é que hoje adoro chorinho.

E o que é mais interessante, consegui transformar estas memórias de madrugadas tão sofridas em algo agradável, positivo. Me lembro daqueles dias com muito prazer! Coisa interessante a forma como trabalha a nossa memória.

Escrevo isso tudo só para falar do prazer que foi fotografar o show e curtir o som da banda “Brincando de Cordas”, no Segundas Musicais da Fundação Cultural.

Mas comecemos pelo começo: o preconceito.

Achei que o grupo que tocaria choro, conforme a programação das Segundas Musicais, seria um grupo da “velha guarda”: velhos músicos saudosistas – talvez um ou outro músico mais jovem, um ou outro discípulo de algum dos decanos do grupo.

Estava errado.

Acho, inclusive, que o nome do grupo é uma referência à idade dos seus componentes. São bem jovens – com uma única exceção, num grupo de seis (5 músicos e um apresentador/mestre de cerimônia), todos parecem ter menos de 25 anos de idade, alguns menos de 20.

A despeito da juventude do grupo, o show foi um passeio na história do gênero musical que pode ser considerado o marco inicial da nossa MPB.

Os números musicais são intercalados com a aparição do mestre de cerimônias, que discorre sobre a História do Choro, seus principais músicos/compositores e as músicas apresentadas durante o espetáculo.

Uma das novidades apresentadas pelo grupo é o que eles chamam de choro cantado. Eles adicionaram letras à vários clássicos do choro, e apresentam a jovem cantora Ananda Andrade.

Outro aspecto interessante do show é o visual dos músicos. Olhando as fotos, marcadamente as fotos preto & branco, parece que se trata de outro tempo. Parece que eles saltaram da máquina do tempo no ponto errado.


Muito legal!

Pati é uma mulher fugidia.

Há anos eu a queria fotografar – desde que a conheci, aliás.


Mas, como eu disse, trata-se de uma mulher fugidia. Num minuto ela está logo ali na sua frente, diante dos seus olhos, no seguinte, desaparece entre brumas.

Quando volta a aparecer, pode ter estado noutro continente por meses, ou ali, bem perto do seu nariz, sem que você a notasse.


O mais grave disto, porém, é que quando ela está ali, na sua frente, você não se dá conta de que este é um momento fugaz, que definitivamente vai acabar; que, muito em breve, mais breve do que você imagina, ela desaparecerá numa névoa de circunstâncias nebulosas – e sabe-se lá quando reaparecerá.


Quando se está com Pati, parece que ali ela sempre esteve e sempre estará. Parece a coisa mais certa do mundo. Mas esta sensação não poderia ser mais enganosa. Ela, certamente, irá desaparecer.E sempre que ela desaparece, para sempre parece ser. Ela nunca mais voltará.

Mas como eu dizia: sempre a quis fotografar.

Ela teimava em rejeitar as minhas lentes. Alegava timidez, ou qualquer outra coisa.

Da última vez que ela sumiu, como sempre, achei que seria para sempre.

Mas ela voltou!

E desta vez, adivinha – surpresa! – postou-se lindamente na frente da minha câmera e se deixou fotografar.

Sua timidez desapareceu. Após poucos cliques, ela já estava totalmente relaxada e parecia que nunca mais desapareceria dali.

Fizemos duas sessões de fotos, em duas quintas-feiras consecutivas. Prometemos-nos mais outras tantas sessões...


Mas, inesperadamente, como já deveria estar esperando... desapareceu. Desapareceu cercada de brumas, névoas, neblina...


Ao menos, ficaram as fotos...

Volta Pati!

PS: Post influenciado pela fantástica série do início dos anos 90 Twin Peaks (dirigida e produzida pelo diretor americano David Lynch).

Ando tão ocupado que a linha do tempo da minha vida está avançando e a do blog ficando para traz. Sempre houve um gap, mas nunca tão grande.

A idéia do blog era falar do meu dia-a-dia, em específico, do meu cotidiano de fotógrafo, mas não estou dando conta...

O Do Tempo e Da Idade está com semanas de atrasado. As fotos que eu publico são de outro tempo... As minhas idéias e pensamentos, então, nem tenho publicado.
Tenho que correr!

Surgida em 1996 – na terra do cacau e das estórias de Jorge Amado, Ilhéus – O Quadro é uma das mais antigas bandas de Hip Hop da Bahia.

Não gosto de Hip Hop, Rap, ou variações destes estilos – deve haver um tanto de preconceito nesta minha percepção do estilo.

Não quero comparar maçãs com laranjas, mas, com O Quadro, senti algo parecido com o que senti quando ouvi DJ Dolores pela primeira vez. Achava que odiava tudo que vinha de DJs. Achava que era tudo igual. Mas, não é!

Não posso dizer que gostei d`O Quadro tanto quanto gostei de DJ Dolores, mas foi uma grata surpresa para mim a qualidade do som dos caras.

A banda é musicalmente rica e as letras das suas músicas não são óbvias como em geral me parece acontecer neste estilo.

Outro fator que me surpreendeu foi o modo com que os músicos da banda se apresentavam. Todos elegantemente vestidos e postados. Não era o caso dos vocalistas, porém. Estes estavam vestidos e se portavam (com direito a trejeitos e atitude característicos) mais como se imagina um grupo de hip hop brasileiro...

Parece que este evento foi feito para mim – não o fotógrafo, sim o professor.

Antes de saber que fotografaria Wim Wenders e José Padilha, no Fronteiras Brakem do Pensamento, assisti, com meus alunos da disciplina Produção de Multimeios, aos filmes ‘Buena Vista Social Club’, de Wenders, e Ônibus 174, de Padilha.

Não imaginei que teria a oportunidade de ouvi-los falar sobre estes filmes “ao vivo”. Feliz coincidência.

Ontem, na sala de aula, tivemos debate sobre os documentários assistidos, além de outros recomendados, a ser visto pelos alunos em suas casas (Vinícius, Samba Riachão, S.O.S. Saúde, Fahrenheit 911).

Foi muito bom ter conhecido um pouco mais do processo destes autores. O que eles pensavam quando faziam os seus filmes, quais são suas idéias e ideais.

Poder citar os próprios autores falando sobre os seus filmes é muito bom.

A palestra dos diretores foi muito boa.
José Padilha foi o primeiro.

Usando um boné – que provocava sombras nos seus olhos e tornava impossível se fazer uma foto legal do seu rosto (não deveríamos usar flash) – falou, inicialmente, sobre a Teoria dos Jogos e explicou que esta era a base para a narrativa dos seus filmes.

Para ele, o diretor do filme não deve tomar uma posição. Não deve exprimir o que pensa sobre a situação apresentada no filme. Ele deve, simplesmente, apresentá-la e buscar mostrar ao público o que levou aquele acontecimento a se desenrolar tal qual aconteceu. As circunstâncias que aqueles personagens seguiram para chegar onde chegaram. As regras daquele jogo social.

Depois de explicar a base do seu pensamento, Padilha usou os seus filmes Ônibus 174 e Tropa de Elite como exemplo.

Então afirmou, que só usando “o jogo” como método, um diretor pode ser acusado de ser radical de esquerda, ao apresentar o seu primeiro filme, e radical de direita, ao apresentar o segundo.

Padilha afirmou que é documentarista e continuará sendo. Tropa de Elite foi uma exceção – só não foi feito em forma de documentário, pois achou que seria muito arriscado para ele e para a sua equipe.

Padilha me pareceu um sujeito inteligente, desenvolto, com raciocínio límpido e direto. Pareceu-me simpático (a despeito do que já me foi dito por ai) e espirituoso.

***

Em seguida, foi a vez de Wenders.

Ele começou tentando ganhar a simpatia da audiência mostrando-se espirituoso e descontraído.

Elogiou as idéias de Padilha e prosseguiu falando sobre a sua origem como cineasta – o que o levou a seguir este caminho.

Citou Glauber Rocha como um dos diretores que o fez sentir vontade de fazer cinema – talvez ainda tentando conquistar a audiência.

Wenders, então, discorreu sobre a importância do “local” para o cinema. Sobre como ele só aprecia, realmente, filmes que mostram realidades locais, valores regionais, que enfatizam a diferença, em oposição aos filmes de Holywood que mostram um mundo americanizado.

Ele se disse um viajante. Adora viajar. Conhecer outros lugares e suas particularidades. E como isso está intimamente conectado ao fato de ser diretor de cinema.

Reconheceu a importância dos filmes de entretenimento e disse que já assistiu a muitos deles, tais quais Harry Potter, Homem Aranha, Batman, Star Wars. Afirmou, porém, que estes são para ser visto uma única vez... para distrair a cabeça.

Bons filmes podem ser assistidos diversas vezes e continuam ensinando, sensibilizando, provocando reflexão.

A forma que eu achei para explicar o que o diretor queria dizer, foi uma analogia com comida (tomando emprestado um artifício retórico do nosso querido Presidente Lula).

O bom filme deve ser como a cozinha local: seus sabores exóticos, temperos diferentes, ingredientes regionais e uma forma única de misturar tudo isso e preparar o alimento.

A cozinha local revela história, cultura, modo de viver, clima, relevo, agricultura de um povo. Comer a comida de um local diferente que se visita, ajuda ao viajante aprender e pensar um pouco sobre tudo isso.

O filme de Holywood seria o Mcdonalds – igualzinho onde quer que você vá, não te conta nada de novo, não de ensina nada.... no máximo, te alimenta (aliás, não é o que pensam os nutricionistas). Digamos, apenas mata a sua fome imediata.

Wenders seguiu neste raciocínio falando um pouco sobre cada um dos seus filmes; delineando, sinteticamente, a sua trajetória de autor de cinema (e de viajante internacional).

Terminou mostrando duas das suas últimas produções: dois curtas documentais feitos na África.


O segundo curta, “Invisible Crimes”, é forte e emocionante.

De forma sensível e criativa o diretor denuncia a violência, marcadamente sexual, sofrida por meninas e mulheres do Congo, durante anos de guerra.

O filme faz parte da série “Invisibles”, em que cinco diretores, de diferentes partes do mundo, abordam problemas sociais que, a despeito de chocantes, não ganham visibilidade na mídia, nem são notados pela maior parte da população do globo.

***

Após os filmes, abriu-se espaço para perguntas do público.
Nenhuma grande pergunta.O espaço serviu apenas para dar aos diretores um tempo para complementar suas idéias e fazerem suas considerações finais.

Batatinha foi um dos grandes sambistas da Bahia. Fazia samba de verdade.
O Grupo Botequim é, literalmente, um grande grupo de sambistas.
Seus integrantes compõem e pesquisam samba tendo sempre em vista a sua tradição.

Nos últimos anos eles vêm pesquisando o trabalho de Oscar da Penha, mais conhecido por Batatinha.
O show que fotografei apresenta justamente esta pesquisa e faz uma homenagem ao mestre.
Samba para quem gosta de samba.

Com direito a caixa de fósforo...

... e prato.

O show contou com diversas participações especiais de tradicionais sambistas baianos e dos filhos do próprio Batatinha.


Nem sempre fotografo o que gosto.

As vezes sou contratado para fotografar eventos que não me interessam muito per si, ou não me interessam esteticamente.

Independentemente disto, sempre tento me envolver com o que fotografo, e buscar o melhor de mim (parece conversa de jogador de futebol); procuro ser generoso na minha forma de olhar o que fotografo, se é que vocês me entendem.

Adoro fotografar shows de música, ainda que não curta a música que é apresentada.

Semana passada, fotografei o evento que reuniu a banda NX Zero, o cantor Netinho e a banda Batifun.

O primeiro show foi da banda NX Zero.

Já tinha fotografado shows voltados para o público adolescente – fotografei, em Costa do Sauípe, o show do Rouge. Mas, nunca estou preparado para a forma como os adolescentes se comportam – que o digam os seguranças: estes sim sofrem.

Lembrei da forma como as adolescentes do meu tempo reagiam à banda adolescente Menudo.

A diferença é que hoje se vive no tempo das câmaras digitais e celulares com câmara fotográfica.

Então, é um novo tipo de histeria. É uma histeria em que o mais importante é manter o dedo no disparador e fotografar todos os momentos – isso tudo, é claro, sem parar de gritar, até perder a voz, e chorar copiosamente (ainda mais que os tietes da banda são os tais “emo”).

O segundo show foi o de Netinho.

O público de Netinho já conheço bastante, de muitos carnavais. Faz coreografia com as mãozinhas para cima.

O cantor Netinho não me interessa muito musicalmente. Mas o cara Netinho é legal – simples, sem estrelismos.

E mais, ele teve participação na minha história de fotojornalista.

Foi de Netinho o primeiro show que fotografei na minha vida profissional. Mais: foi a primeira foto de entrevista que fiz para um jornal. Foi um dos meus primeiros trabalhos profissionais em fotojornalismo.

Trabalhava para um jornal brasileiro da cidade de Danbury, Connecticut. Fui cobrir o “Brazilian Day”, em Nova Iorque, na Rua 46 (se não me engano), a “Little Brazil”. Tinha que fotografar o show e alguns “Globais”, tais quais Daniele Winnits, José Wilker e Ticiana Pinheiro (de quem eu tirei a única foto daquele dia que ainda hoje gosto), além dos shows. O show de Netinho foi o principal.

Depois do show, fomos (eu e Elizabeth Bacelar, a editora do jornal) para o hotel em que Netinho estava hospedado para entrevistá-lo.

Ele foi muito simpático. Recebeu-nos muito bem e conversou conosco de forma bastante descontraída e espontânea.



Fechando parêntesis, o último show do domingo foi da banda Batifun, de Marcelo Timbó e Júnior Luiz. A noite de domingo já avançava e o público já se dispersava...

Quem ficou até esta hora sabia o que queria. Eram poucos, mas animados com a música da banda. Não sei se era só por causa do som dos caras, mas os que ficaram dançaram muito ao som da última atração.