Entre os dias 9 e 12 de setembro, fotografei um evento de marketing chamado de “Strategy Execution Summit – Making Strategy Happen”.

A figura central do evento foi David P. Norton, um dos criadores – junto com Robert S. Kaplan (que esteve presente ao evento através de um vídeo previamente gravado) – dos principais conceitos discutidos no evento: “The Balanced Scorecard” e “The Execution Premium”.

Norton lançou o seu novo livro, entregou prêmios, deu autógrafos e apresentou a palestra principal do evento. Ainda assim, não se livrou de piadinhas óbvias sobre o nome do antivírus.

A despeito do pomposo nome do evento, em língua estrangeira, e dos palestrantes internacionais, para mim, sem nenhum bairrismo, os pontos altos foram as participações nordestinas: do pernambucano Silvio Meira & do paraibano/pernambucano Ariano Suassuna.


Silvio Meira começou sua apresentação alfinetando o palestrante que o antecedeu no púlpito – o americano, Carl Dahlman, que fez sua palestra em inglês.

Meira comentou que Dahlman era casado com uma brasileira havia 20 anos e falava muito bem português. Falava em inglês porque acreditava que deste modo o público o levaria mais a sério.

Na verdade, pensando melhor, Silvio estava alfinetando o público e não o colega de palco.
Silvio Meira – fazendo uso de um aparato tecnológico de touch screan & data show e de grande senso de humor – apresentou o projeto do Porto Digital, iniciado na capital pernambucana em 2000. O Porto Digital, fundado por ele, fez surgir em Recife um grande núcleo de desenvolvimento na área de tecnologia da informação.
A foi a melhor apresentação de todo o evento.

A inteligência, humor, limpidez de raciocínio, clareza de expressão, coesão discursiva, solidez do conteúdo de Silvio – tudo isso tão raro no mundo acadêmico e dos estudiosos/consultores de marketing – provocaram impacto imediato no público. Todos aprenderam e se divertiram com a sua apresentação. Fiquei com vontade de ir a Recife no dia seguinte e conhecer o projeto pessoalmente.

Silvio, aliás, também, é blogueiro:
http://smeira.blog.terra.com.br/

Falar de inteligência nos traz ao outro ponto alto do evento: Ariano Suassuna.

Uma inteligência aguda, contundente + um grande senso de humor.

Salvo raríssimas exceções, humor e inteligência nunca se separam.


Para falar de “Raízes Populares da Cultura Brasileira” Suassuna inicia ressaltando o seu amor pela nossa língua e desinteresse pelo inglês. Brinca com o nome do evento, pronunciando-o de forma abrasileirada. Para ele, temos dificuldade em valorizar o que é nosso. Não fora por isso, vários dos nossos artistas, de diversas formas de arte, seriam muito mais valorizados aqui e fora.
Suassuna, então, destaca o valor da cultura popular brasileira citando vários artistas.

Confrontando o paradoxo sobre a qualidade da produção cultural popular brasileira e a preferência de grande parcela da população por pagode, calypso, axé, entre outros, ele afirma que isso é um erro de interpretação. Acha que na verdade as pessoas ouvem pagode e afins por falta de opção – não de produção, mas de acesso.Para demonstrar a sua tese ele pergunta à platéia se acham que cachorro gosta de osso. A resposta vem óbvia, claro que sim, cachorro adora osso! Ao que ele replica: coloque um grande osso e um pedaço de carne e veja o que o cachorro escolhe. O cachorro só roi osso por falta de algo melhor; as pessoas escutam música de baixa qualidade por falta de acesso a coisa melhor.

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Um dos vencedores do prêmio entregues no evento, Álvaro Dal Bo, foi entrevistado pelo jornal Gazeta Mercantil, fiz a foto – minha primeira para este jornal.


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O trabalho fica melhor quando trabalhamos com amigos. Também trabalharam no evento o meu grande amigo Cavalcanti (sempre cheio de caras e bocas) e as queridas Cris (esquerda) e Jú. Faltou, na foto, a bela Mari, uma das minhas modelos preferidas (vide http://www.flickr.com/photos/leoazevedo/2714251137/).


Adoro chorinho.

Mas, nem sempre foi assim.

Por mais difícil que seja de imaginar, nem sempre gostei.

Hoje, quando penso em Chorinho, inevitavelmente, penso em meu pai e numa fase da minha vida em particular.

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Estudava no Colégio Antônio Vieira, no turno matutino. As aulas iniciavam às 7h20 – o que para mim, um notívago de nascença, era uma tortura.

Duas vezes por semana, porém, a coisa piorava: tínhamos aula de Educação Física, que começava – pasmem! – às 6h30 da madrugada. (Isso só podia ser idéia de algum maluco padre alemão ou austríaco).

A sofrida tarefa de nos levar (a mim e ao meu irmão) para a escola mais cedo, nestes dias, cabia a meu pai – ele, também, de irremediável natureza vespertina (acho que é coisa dos Azevedo).

Morávamos longe do colégio. Saíamos de casa, portanto, pelo menos uns 30 minutos antes do horário da aula.

Nesta viagem, porém, meu pai experimentava algum prazer e mesmo vantagem em ter acordado cedo: ouvia ao seu programa favorito da Rádio Educadora FM, chamado “Chorinhos e Chorões” – programação de todos os dias da emissora no horário das 6h00 às 7h00 (horário em que ele de jeito nenhum estaria acordado não fora as famigeradas aulas de Educação Física). Nem sei se o programa ainda existe...

No princípio, eu e meu irmão achávamos aquela música chatississíssima, mas admirávamos, sonolentos, ao deleite auditivo de nosso pai.

Não sei exatamente em que momento a coisa começou a mudar, o fato é que hoje adoro chorinho.

E o que é mais interessante, consegui transformar estas memórias de madrugadas tão sofridas em algo agradável, positivo. Me lembro daqueles dias com muito prazer! Coisa interessante a forma como trabalha a nossa memória.

Escrevo isso tudo só para falar do prazer que foi fotografar o show e curtir o som da banda “Brincando de Cordas”, no Segundas Musicais da Fundação Cultural.

Mas comecemos pelo começo: o preconceito.

Achei que o grupo que tocaria choro, conforme a programação das Segundas Musicais, seria um grupo da “velha guarda”: velhos músicos saudosistas – talvez um ou outro músico mais jovem, um ou outro discípulo de algum dos decanos do grupo.

Estava errado.

Acho, inclusive, que o nome do grupo é uma referência à idade dos seus componentes. São bem jovens – com uma única exceção, num grupo de seis (5 músicos e um apresentador/mestre de cerimônia), todos parecem ter menos de 25 anos de idade, alguns menos de 20.

A despeito da juventude do grupo, o show foi um passeio na história do gênero musical que pode ser considerado o marco inicial da nossa MPB.

Os números musicais são intercalados com a aparição do mestre de cerimônias, que discorre sobre a História do Choro, seus principais músicos/compositores e as músicas apresentadas durante o espetáculo.

Uma das novidades apresentadas pelo grupo é o que eles chamam de choro cantado. Eles adicionaram letras à vários clássicos do choro, e apresentam a jovem cantora Ananda Andrade.

Outro aspecto interessante do show é o visual dos músicos. Olhando as fotos, marcadamente as fotos preto & branco, parece que se trata de outro tempo. Parece que eles saltaram da máquina do tempo no ponto errado.


Muito legal!

Pati é uma mulher fugidia.

Há anos eu a queria fotografar – desde que a conheci, aliás.


Mas, como eu disse, trata-se de uma mulher fugidia. Num minuto ela está logo ali na sua frente, diante dos seus olhos, no seguinte, desaparece entre brumas.

Quando volta a aparecer, pode ter estado noutro continente por meses, ou ali, bem perto do seu nariz, sem que você a notasse.


O mais grave disto, porém, é que quando ela está ali, na sua frente, você não se dá conta de que este é um momento fugaz, que definitivamente vai acabar; que, muito em breve, mais breve do que você imagina, ela desaparecerá numa névoa de circunstâncias nebulosas – e sabe-se lá quando reaparecerá.


Quando se está com Pati, parece que ali ela sempre esteve e sempre estará. Parece a coisa mais certa do mundo. Mas esta sensação não poderia ser mais enganosa. Ela, certamente, irá desaparecer.E sempre que ela desaparece, para sempre parece ser. Ela nunca mais voltará.

Mas como eu dizia: sempre a quis fotografar.

Ela teimava em rejeitar as minhas lentes. Alegava timidez, ou qualquer outra coisa.

Da última vez que ela sumiu, como sempre, achei que seria para sempre.

Mas ela voltou!

E desta vez, adivinha – surpresa! – postou-se lindamente na frente da minha câmera e se deixou fotografar.

Sua timidez desapareceu. Após poucos cliques, ela já estava totalmente relaxada e parecia que nunca mais desapareceria dali.

Fizemos duas sessões de fotos, em duas quintas-feiras consecutivas. Prometemos-nos mais outras tantas sessões...


Mas, inesperadamente, como já deveria estar esperando... desapareceu. Desapareceu cercada de brumas, névoas, neblina...


Ao menos, ficaram as fotos...

Volta Pati!

PS: Post influenciado pela fantástica série do início dos anos 90 Twin Peaks (dirigida e produzida pelo diretor americano David Lynch).

Ando tão ocupado que a linha do tempo da minha vida está avançando e a do blog ficando para traz. Sempre houve um gap, mas nunca tão grande.

A idéia do blog era falar do meu dia-a-dia, em específico, do meu cotidiano de fotógrafo, mas não estou dando conta...

O Do Tempo e Da Idade está com semanas de atrasado. As fotos que eu publico são de outro tempo... As minhas idéias e pensamentos, então, nem tenho publicado.
Tenho que correr!